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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Introito


O que acontece quando um homem comum e medíocre encontra um mendigo que mora em uma praça, no meio de uma cidade grande? Como essa improvável e intensa amizade pode resultar no aprendizado e redenção de ambos?

Capítulo por capítulo, post após post, essa e outras questões vão sendo mostradas. Um livro vivo, postado simultaneamente na medida em que vai sendo criado, esta é a proposta.

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Através dos visíveis rumo ao invisível (Tao Te Ching, Lao Tsé)

O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demasia estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isto, o sábio em sua alma
Determina a medida para cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível

O verdadeiro sábio tem a intuição de que todas as coisas empírico-mentais não são fins em si mesma, mas apenas meios para alcançar um fim superior.
O profano só conhece os meios e ignora o fim.
O místico só conhece o fim e despreza os meios.
O homem cósmico alcança os fins através dos meios.
É este o homem integral - que vive universicamente.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I




O Mendigo da Praça da Alfândega


Capítulo I


O Primeiro Contato









Era um dia ameno do início de julho quando vi, distraído, da janela da oitavo andar do prédio onde eu trabalhava há quinze anos, uma cena incomum à cidade: um mendigo acampado no meio da Praça da Alfândega. Aquela cena me chamou a atenção, pois, em meio a prédios, asfalto, trânsito e transeuntes, numa barraca de sem-teto, um homem parecia viver alheio a aquilo tudo. Mas não era uma barraca dessas de acampamento, era uma lona grande estendida e disposta sobre as árvores de um canteiro. E foi este o primeiro contato que tive com Augusto.



A seleção holandesa vira e termina o jogo, eliminando a seleção de futebol do Brasil na Copa do Mundo africana nas oitavas de finais. Assisto os dias de folga que tinha durante os jogos esvaindo-se como as lágrimas dos descrentes espectadores. Somando isso ao fato de eu não ter recebido férias comecei a perceber que as coisas não estavam boas para mim.


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Sophia, minha mulher, planeja por em prática alguns planos. É arquiteta, está sempre planejando algo. Eu, que parei de estudar quando peguei a primeira cadeira de cálculo na faculdade de química, contento-me em conseguir manter meu emprego de supervisor numa empresa privada de auditoria. Monitoro as falhas de quem procura falhas alheias. Sempre envolto em pilhas de pastas e rodeado por arquivos em uma sala três por três, às vezes me pergunto se esta é realmente a vida que imaginei ter quando criança. Sonhava em ser astronauta, ou cientista, ou qualquer outra coisa que não isso. Seria esse o destino que futuro me reservara, desde que nasci?

Acabaram-se os dias de vadiagem por culpa exclusiva da seleção, ainda que eu nem assistisse com muito afinco aqueles jogos. Como ainda era sexta-feira, alguma coisa poderia ser feita para melhorar ao menos meu final de semana. Sophia disse que iria preparar um prato especial para a janta, tentando sossegar minha aparente tristeza, apesar da apatia que eu tentava transparecer. Ela sabia que não era pela derrota no futebol que eu estava triste, ou pelos dias a mais que precocemente haveria de trabalhar, mas pela minha derrota na vida, os planos aleijados. Ela bem conhecia aquele meu olhar. Convidou seu amigo e subchefe Filipe e a esposa, cujo nome não me recordo, para um jantar a quatro. Não sei bem se para me alegrar ou para motivar, pois Filipe era um alto executivo do ramo imobiliário, cheio da grana, bem vestido, cheiroso e boa praça; ela, uma madame socialite cheia de apliques e silicones que esbanjava o dinheiro do marido. Como competir com aquele carro importado sendo o meu um popular financiado em perpétuas prestações?


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Meu olhar piorou dez vezes depois de ver alguém que vencera na vida. Sophia era mil vezes melhor que aquela boneca inflável de face inexpressiva, mas eu pensava a noite inteira se eu era melhor que o alto executivo bem vestido, cheiroso e boa praça que agora tomava meu uísque dose anos comprado na Free Shop. Conversamos na saleta de jantar até tarde, pois Sophia insistia em mantê-los por perto com sua boa culinária. Era hora da sobremesa. A intenção dela era um pouco maior que me mostrar um homem de estirpe, queria mesmo era mostrar que não só nós tínhamos problemas conjugais. Ora, a única coisa que aquele casal tinha de problema era saber qual o carro importado que fossem comprar, ou o dia certo para a viagem a Paris, ou os filhos bem vestidos e cheirosos e boas praças que iam mal em matemática. Nada que chegasse aos pés de nossas contas atrasadas e planos desfeitos por problemas financeiros. Ao que foram embora, Sophia recolheu os pratos e eu acendi um cigarro frente à televisão. Sophia conversava comigo enquanto levava os pratos a pia. Tinha um jeito engraçado de lavar os pratos, passando a mão diversas vezes sobre eles, como que fizesse carinho por ser louça de família. Sentia, talvez, que suas ancestrais lavaram os mesmos pratos depois de jantares como o dessa noite, enquanto seus maridos bebiam uísque e fumavam charutos conversando com gente importante naquelas enormes salas antigas de móveis cheios de adornos. Por quantas mãos passaram aquela louça, aqueles talheres de prata, até chegarem a ela por presente de casamento, acreditando a presenteadora que o marido da noiva se tratava do mesmo homem distinto que outrora fora seu finado marido. Aliciava os pratos e falava comigo, me contando coisas da mulher do Filipe que ele contara para ela. Fingindo não prestar atenção a ela, fitava a televisão, respondendo monossilabicamente o que ela falava. Na verdade, nem a televisão prendia minha atenção; estava fixo na fumaça do cigarro, imaginando o que Filipe e a esposa de plástico falavam, enquanto ela se ajeitava para dormir ao seu lado, numa cama grande e deliciosamente confortável.


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Passou o final de semana e nada de melhorar. Segunda-feira, acordei às 6h em ponto, trajei minha fantasia de executivo e saí para o trabalho, pensando ainda a que horas será que saíra Filipe da sua, que café da manhã tão diferente do meu que ele tomava, no beijo de abraços apertados que seus filhos lhe davam antes de irem às suas escolas particulares conduzidos pelo motorista, no olhar orgulhoso de sua esposa ao contemplar o bem sucedido marido. Nem sei por que eu usava terno, já que minha função não exigia o traje e era minha cadeira quem de fato vestia meu paletó, enquanto dobrava eu mangas da camisa e cravava os olhos a tela do computador sem saber por onde começar. Meu chefe, requintado homem de negócios - e um pouco inescrupuloso -, trouxera, no derradeiro dia de folga, mais pastas e folhas e papéis para eu ler e buscar “erros” matemáticos. Não sei bem ao certo se procurava as tais falhas ou se o meu trabalho era encontrar falhas nas maracutaias das empresas auditadas, para que eles a corrigissem antes da auditoria pública. Além do fato de que era sempre para mim que os auditores olhavam feio depois que suas auditorias não davam em nada. “O importante é passar pela fiscalização”, disse certa vez meu chefe. Como eu não era fiscal, mas supervisor, nada podia fazer.

Como estava sempre atarefado e quase nunca olhava a linda vista da minha janela, pode ser que aquele homem estivesse há muito tempo ali imperceptível. Como pode alguém viver no meio de uma praça? Que vida esse homem tem?


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Trabalho em meus relatórios ainda intrigado com a imagem daquele homem. Desço os dezesseis lances de escada para almoçar, porque estava estragado o elevador, e vou com a fixa ideia de ir falar com aquele ser deplorável. Aquilo soava tão absurdo e melancólico que eu tive de intervir. Porém, a bem da verdade, inconscientemente eu estava mesmo é precisando me sentir superior a alguém, sendo ele a vítima perfeita.

O clima está agradável e, na medida em que eu me dirigia à choupana do homem, a luz do sol refletida nos ladrilhos irregulares da praça faz com que aquilo pareça uma miragem embargada num deserto. Chego vagarosamente, buscando enxergar o que acontecia ali. A morada é realmente um toldo de lona, com armação de madeira em forma de triângulo e algumas dezenas de quinquilharias pendendo no que parecia uma porta. O homem está sentado de costas para a porta, fazendo sei lá o quê com algumas linhas, um pedaço de metal afiado e cubos sólidos de madeira. Pergunto se necessita de algo, pois aparenta estar em petição de miséria, ao que ele me responde, ainda de costas: - Não me tires o que não podes me dar.

Vacilei por sua resposta crua e direta, pois estava ali, trajado de arrogância, para oferecer um pouco de atenção aquele homem esquecido pela sociedade. Foi então que, depois de alguns longos minutos naquela constrangedora cena, eu ainda sem saber o que fazer ou dizer, ele vira a cabeça e, me encarando nos fundos dos olhos, mostra que eu lhe retiro a luz do sol com a sombra do meu corpo encurvado e curioso.


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Vejo seu rosto pela primeira vez. Aparenta ter cerca de setenta anos, com a pele moura pela ação do sol, longos cabelos semigrisalhos e pouca carne no rosto. Tem uma aparência impactante para alguém como eu. No entanto, seu olhar é dócil.

Depois de perceber o que tinha feito, me acocoro ao seu lado e ele, voltando ao seu trabalho manual, me pergunta: - O que achas que podes me dar e que ainda não tenho?
Respondo que ele parece estar com fome, pois parece delgado e tem com profundas olheiras. Ele, esboçando um sorriso franco no canto da boca, olhando com um olhar frio e condescendente, diz com firmeza: - Tu deves estar com mais fome que eu, pois pareces estar delgado de tantas outras coisas além daquilo que podes te empanturrar.
Naquele eterno instante quedo-me inerte, sem palavras, olhando o velho. Não era só pela maneira que ele falava, com português correto, a calma plena e a profunda sabedoria. Eu poderia esperar isso de um erudito, de um professor, de um mestre, mas de um mendigo? Me sinto, além de humilhado, completamente confuso e curioso.

Então, tentando extrair mais um pouco dele, pergunto em que pareço estar faminto.
- Em ter - disse o velho.
- Em ter o quê? - retruco.
- Em ter, não em ser.
Não entendo de pronto o que ele diz, mas compreendo o que lhe se afigura. Minha imagem realmente aparenta fome. Fome de poder, fome de dinheiro, de ser um Filipe. Fome de ter, como ele mesmo fala. Desviando de minha mediocridade, lhe faço outras perguntas.
- E o senhor, não tem fome de nada?


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


- Meu jovem - diz calmamente - perdi coisas preciosas na minha vida. Coisas cuja falta enlouqueceria qualquer homem. Ceifaram de minha vida meu filho e minha mulher. Eu, igual a ti, possuía coisas. Depois que perdi as mais importantes, percebi que o que eu possuía não pertencia a mim. Eram coisas emprestadas apenas para minha sobrevivência e que, quando eu morrer, passariam a ser de outrem. Quando perdi mulher e filho, percebi que nada do que eu deixaria seria digno de se ter. Carros, casas, terrenos, propriedades, roupas, isso não é digno de herança, de legado. Isso é falácia, imaginação.

Fico intrigado com a história do velho, mas a hora de almoço acabou e ele é enfático ao se despedir de mim, interrompendo minha inquirição. Respondo cordialmente sua despedida e volto ao prédio, subindo cento e sessenta degraus até minha sala. Por não ter almoçado, sinto meu estômago gritar comigo, me censurando por tê-lo esquecido.

Encerro o expediente, vou até o estacionamento para pegar meu carro já pensando em Sophia, que sempre me espera de janta pronta. Guardo o carro na garagem e subo os dez lances de escada do meu prédio, que também tem o elevador quebrado. Sophia, que já comeu, concentra-se na maquete de um prédio que está projetando, de vinte e poucos andares. Ao me ver, levanta de leve a cabeça, me entreolha pelas lentes do óculos e diz que a comida está no micro-ondas, é só esquentar. Não sei se porque era novidade, mas ficava linda de óculos. Linda e sexy. Pensei agarrá-la ali mesmo, de óculos e tudo, só que a fome já me castigava há horas. Esqueço da ideia, esquento a janta e sento à mesa. Sophia me pergunta o porquê do silêncio, já que todos os dias eu chego reclamando do trabalho, retruco que é nada e me concentro na salada. Acho que a comida está tão insossa que começo a conversar com minha mulher sobre o mendigo. Conto que ele tinha perdido a mulher e o filho e que percebeu, depois disso, que nada era bom para se ter. Deixou tudo e foi morar ali, no meio da Praça da Alfândega.


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Espantada com minha coragem e altruísmo ela tenta disfarçar que percebera aquele orgulho idiota que eu tenho. Finalmente encontrara alguém pior que eu, deve ter pensado ela sobre o que eu pensei sobre ele. Mas deixa escapar nas entrelinhas do olhar que o mendigo havia me dado uma aula. E eu não podia deixar as coisas como estavam. Agora era pessoal. Se até um mendigo era melhor que eu aos olhos de Sophia, eu deveria travar um novo embate para mostrar que não sou tão medíocre assim. Decido, então, que amanhã terei com ele novamente. Mas será um bate-papo mais agressivo, mais invasivo. Resultado da noite, não concilio o sono.

Irado pela noite insone, depois de dormir apenas algumas horas, ainda deitado começo a cogitar a hipótese de dizer ao meu chefe que estou de cama. Inventarei alguma doença grave, talvez uma morte na família, incêndio no apartamento. Desisto da ideia, daria mais trabalho ir ao telefone aguentar os esporros do que ir trabalhar um dia inteiro. Chego ao escritório e vou, involuntariamente, direto à janela. Assisto impassível ao mendigo lá em baixo à sua maneira, lembrando daquele olhar, que parecia cansado, mas justo e sincero, sublime e sagaz. Um olhar que poucos homens detêm.

Encerro mais uma vez o serviço, deixando por sobre a mesa quase o mesmo número de pastas que tinham na véspera. Desço novamente aquelas escadas, pensando no elevador quebrado e em falar de novo com mendigo. Já é noite, e a taba do índio urbano se ilumina pelas luzes dos postes da praça, dos faróis e semáforos próximos.
- E aí, descansando um bocado?, pergunto.
- Estou me preparando para meditar, diz o velho.


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


Há em volta do velho um conjunto inteiro de louças, talheres entalhados na lenha, ornamentados e delineados. Linhas de lã com cera prendem esteiras que formam uma pequena mesa a sua frente, onde um incenso exala uma estranha fragrância agradável. Um prato igualmente esculpido em madeira tem um punhado de algum tipo de grão, que não faria cócegas ao estomago de um pássaro.
- Bonitos trabalhos. Mas essa comida não é muito pouca?
- É o suficiente para que eu permaneça bem para pensar e meditar.
- E como você aprendeu a se sustentar com tão pouco?
- Aprendi com meu velho avô que precisamos pensar, meditar e jejuar.
- E para que servem essas três coisas? – pergunto rindo por dentro da ingenuidade do velho.
- Jejuar condiciona o homem a não ter fome quando ele não tem o quê comer. A fome torna o homem escravo, o faz aceitar qualquer coisa em troca de pão. Pensar ensina a termos calor, quando estamos com frio. Ensina a ter paciência. Meditar ensina a não sentirmos dor quando estamos feridos.
- Se você quiser, posso lhe pagar uma refeição melhor, mais farta. Também tenho cobertas e remédios, já vem aí o inverno.
- Chega de fartura! Já cultuei meu estômago em outros tempos. Agora compreendi que ele não passa de mais um órgão pertencente a este corpo. Serve apenas para me dar energia para pensar. Necessito de pouca para pensar, já que aprendi a jejuar. Também não me serve agasalho, tampouco remédios. O abrigo nos tira o aprendizado do frio; remédios nos tiram o aprendizado da dor. Não sinto necessidade de calor, nem tampouco maquiar minhas dores. Pensar é minha manta e meditar é meu remédio.
- Mas e as carnes que lhe faltam no rosto? Sua pele já deformada pelo sol? Os músculos que lhe faltam nos braços e pernas? Essas feridas abertas? Tudo que seja para o bem disso é inútil?


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O Mendigo da Praça da Alfândega - Capítulo I


- Sim, é tudo inútil. Aprendi a não necessitar mais de meu corpo. Ele é apenas veículo de meu espírito. E meu espírito é livre, quando saio dele. Quando medito, posso sair dessa forma decadente e me transformar em qualquer coisa. Transporto-me para qualquer ser de alma. Em cão, em árvore, em pássaro.
Claro que eu não acredito naquilo, ninguém pode se transportar para outro lugar. É impossível. Eu, sendo ateu desde a morte do meu pai, não posso conceber o que o velho fala e tudo aquilo me parece muito infantil.
- Mas então me diga que posso eu fazer para parecer menos faminto?
- Podes aprender a jejuar, pensar e meditar. Talvez seja um grande avanço.
- Mas se jejuar, ficarei com mais fome!
- Cessarás de passar a fome dos homens; passarás a sentir a fome dos deuses. Cessarás de sujeitar-te a caprichos alheios; passarás a seguir teus próprios caprichos, até aprender a não tê-los mais. A escassez é a maior inimiga do homem. Mas a escassez para espírito daqueles que sabem viver em verdade ela é um alento.
Olho para o relógio e já se passam 45 minutos daquele diálogo maluco. Não posso me demorar mais, pois Sophia me pediu para trazer comigo alguns legumes e massa para o jantar. Tinha de passar no mercado e também na farmácia. Explico minha situação e me despeço do velho.
- Vai-te homem tolo. Continua tua jornada de sujeição e a embriaguez de afogar-se em si mesmo.
Indignei-me. Como pôde me chamar de tolo, logo ele que vivia a se amontoar de quinquilharias num canteiro de uma avenida? Dou de ombros, rosno um pouco e vou embora. Noutro dia, tiraria as devidas satisfações.


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